domingo, 13 de novembro de 2011

O Menino e o Projetor

Há alguns anos senti a necessidade de fazer um blog sobre os trabalhos em filmes e vídeos do meu marido (Gercio Tanjoni), apesar de já existir o blog da sua produtora onde apresenta os trabalhos desde 1975. Na verdade, eu queria mostrar o “personagem” Gercio na visão de quem convive com ele desde 2001.
Quando eu o conheci e ele me disse que fazia filmes desde jovem, confesso que fiquei um tanto desconfiada, pela quantidade e variedade; e o mais inusitado, sem patrocínio de ninguém! Trabalhava durante a semana em serviços burocráticos, e no final de semana pegava a sua câmera e saía pra filmar, não aleatoriamente, mas com um roteiro.
Ele foi influenciado pelo seu pai, que assistia os filmes clássicos dos anos 50. Desde os quatros anos de idade, suas brincadeiras foram voltadas a escrever historinhas e criar personagens que viravam heróis ou vilões. Criou um  projetor feito com caixa de sapatos com um buraco na frente, onde passava as fitinhas recortadas de gibi ou revistas para os meninos da rua onde morava em São Miguel Paulista. (Bairro da periferia da Cidade de São Paulo).
Criou um clube (Cine Paraizópolis) juntamente com os outros meninos da rua. Eles apresentavam o filminho e cobravam uns centavos e com isso podiam comprar mais gibis e revistas para as futuras apresentações.
Por volta dos dez anos de idade, o Gercio conseguiu guardar algum dinheiro cobrado das apresentações, e mandou fazer, em um marceneiro, um projetor de madeira. Aquele objeto se tornou a atração da meninada e das famílias do Bairro. Por muitas vezes, o Gercio apanhava de alguns moleques briguentos, pois o sucesso dele no bairro era grande.
Contando esta passagem da vida do Gercio, me lembrei do menino Totó personagem do filme "Cinema Paradiso" de 1988-(Giuseppe Tornatore). O personagem do filme tinha a própria essência de vida do Gercio. Chorei muito com o filme, e pude entender toda a emoção que ele traz dentro de si, quando fala de sua infância e juventude. Filmar é como respirar para ele, tornando-se impossível parar de fazer filmes.

Assista a seguir a dois videos: um vídeo sobre a Mistifilmes e o outro mostrando um dos filmes em papél manteiga que ele produzia em 1964, exibido através do antigo projetor de madeira.








4 comentários:

  1. As crianças desenhavam mais... não ficavam o dia inteiro sentadas no computador jogando. Eram mais criativas e valorizavam mais as coisas simples da vida.

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  2. Lindo blog Elizete e linda homenagem!!!! Adorei!!!

    um grande beijo para os dois

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  3. Parabéns pelo excelente trabalho. O Gercio sempre soube valorizar as pessoas e merece ter seu nome reconhecido e nada melhor que vc para fazer com que esse reconhecimento aconteça. Gostei muito!

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  4. Olá, Elizete. Não conhecia este seu espaço. Parabéns pela bonita homenagem ao Gercio e obrigado pelo comment sobre meu texto. Abraços.

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